Raposas não Existem

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(Este é obviamente um texto de ficção. Ainda que seja sobre raposas, ele não é sobre raposas, mas sobre como é fácil embasar qualquer teoria de conspiração com narrativas que pareçam vagamente fazer algum sentido, e como qualquer prova pode ser usada apenas para reforçar a mente de alguém que já está convencido.)

Eu nunca vi uma raposa de perto. Nenhuma das pessoas que eu conheço viram uma raposa de perto. Por isso, digo que raposas não existem. Elas são uma conspiração.

Você já viu uma raposa? Se não viu, apenas prova meu ponto. Se já viu, saiba que era mentira. Era enganação. Elas não existem.

Quem teria interesse em inventar essa farsa? Que bom que você perguntou!

 A conspiração das raposas é antiga, e exatamente por isso ela atende os mais diversos interesses. As primeiras origens da farsa derivam da Europa e de alguns pontos da Ásia. Acontece que diversos reinos haviam definido limites para a caça de animais, e para conseguirem mais liberdades, as guildas de caçadores começaram a matar galinhas e outros animais de fazendeiros locais, culpando o que chamavam de raposas.

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Até aquele momento, raposas eram figuras folclóricas, surgindo sempre em contos populares como seres perspicazes, que viviam em florestas e trapaceavam os humanos sempre que podiam. Algumas histórias desse período sobrevivem em encarnações como “A Raposa e as Uvas”, ou figuras mitológicas japonesas, onde raposas são dotadas de diversos poderes mágicos, inclusive a capacidade de mudar de forma.

Os caçadores disfarçaram algumas peles de cães selvagens e, levando tais seres aos governantes, explicaram que eram os responsáveis pelas dificuldades. É incerto qual dos pontos da Europa que começou a promover a caça às raposas primeiro, mas logo não havia limitação para as eliminarem, o que era apenas uma cobertura para que caçassem livremente o que encontrassem.

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Hoje, as origens da conspiração baseados em caça praticamente não existem, sendo referenciados em certas atividades em países como a Inglaterra, mas esses eventos foram responsáveis por pavimentar exibições em zoológicos e outras que detalharei em breve.

Antes disso, é preciso ressaltar que, derivando-se diretamente da farsa inicial da caça de raposas, veio a ideia da utilização de suas peles. Em algum ponto, foi desenvolvida uma técnica de coloração e tratamento da pele de animais abatidos até que gerassem a aparência hoje conhecida de raposas. Diz-se que essa teria sido desenvolvida como uma derivação da desculpa supracitada de caça — afinal, alguns governantes precisavam de uma prova das ameaças que os caçadores citavam -, até que a aparência da pele do animal conquistou membros da realeza e da aristocracia e tornou-se um objeto de moda e luxo.

Inicialmente, peles de raposa eram peles de cães e lobos tratadas e coloridas após a morte dos animais, com qualquer variação justificada por variações de raça. Com o tempo, quando foi necessário gerar algumas versões vivas dos animais, foram utilizados cruzamentos específicos.

Conforme o mercado de caça alcançou estabilidade, foi através do crescimento do interesse das peles no mercado de moda que o mito das raposas voltou a ganhar força. Estes se manteriam por muitos anos, chegando na atualidade, onde alimentariam mais novas frentes.

Em primeiro lugar, em uma derivação direta do mercado de caça, há o mercado de segurança, com empresas criando soluções contra raposas e com profissionais se especializando em caçá-las e afastá-las. 

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Em segundo lugar, há o mercado de ativismo ambiental, uma vez que a raposa foi desenvolvida tematicamente como um animal silvestre e, portanto, digna de proteção, gerando toda uma frente de arrecadação de dinheiro através de manipulação emocional e até mesmo racional, seguindo na crença de que com as raposas ameaçadas, ecossistemas poderiam entrar em colapso.

Em terceiro lugar, há o mercado de zoológicos e entretenimento. O primeiro se baseia no apelo de exibição desses animais ao público — incluindo também reservas, parques florestas e outros — e, com um mercado que se expande além, para outras áreas de entretenimento, imortaliza a imagem da raposa como algo agradável, que possa ser consumido. Mais recentemente, a utilização da imagem desses animais em redes sociais é um fenômeno específico a mais, demonstrando de maneira única a efetividade da estratégia.

Por trás de todos esses, é claro, há o mercado de ciências, em especial da biologia e subdivisões correlatas, que podem se aproveitar de dinheiro público e privado para estudos de animais inexistentes, e do lucro da publicação de artigos, livros e documentários correlatos.

Considerando todos esses exemplos e inúmeros outros — incluindo, claro, o envolvimento de diversos governos na manutenção da farsa — podemos concluir que motivos não faltam para a manutenção de tal farsa.

Recentemente, me encaminharam vídeos e até mesmo me ofereceram convites para locais onde eu poderia ver raposas, mas recusei. Eu sei que eles farão de tudo para me convencer porque cheguei perto da verdade, mas eu jamais me renderei! Eu ainda irei expor a farsa e liberaria esses pobres animais que foram escravizados e disfarçados para que se assemelhem a essa criatura fictícia.

Enquanto isso, faça sua parte: duvide de raposas, duvide de aqueles que acreditam em raposas e divulgue a verdade sobre a não-existência desses animais. Vamos destruir juntos esse sistema corrupto que se mantém à base de mentiras.